Quanto ganha um árbitro de futebol no Brasil e nos países europeus
A realidade mostra que nossos árbitros, mesmo integrando o seleto grupo do futebol nacional e internacional, frequentemente equilibram essa função com outras ocupações. Atualmente, a remuneração dos árbitros brasileiros, mesmo nos níveis mais elevados, continua a ser pouco atraente para um regime de dedicação exclusiva, sem os benefícios trabalhistas básicos.
Um árbitro da CBF recebe R$ 5.250 por jogo. Se considerarmos que um árbitro apita 50 partidas na temporada, o total anual alcançaria R$ 262.500. Para efeito de comparação, os principais campeonatos europeus oferecem as seguintes remunerações: (1) Espanha (La Liga) – 300 mil euros por temporada (cerca de R$ 1,9 milhão), (2) Itália (Serie A) – 200 mil euros anuais (aproximadamente R$ 1.294.000), (3) Alemanha (Bundesliga) – até 150 mil euros (aproximadamente R$ 970.500); e (4) Inglaterra (Premier League) – até 200 mil libras anuais (em torno de R$ 1.508.000). Essa disparidade salarial é alarmante.
Um exemplo promissor pode ser encontrado na Inglaterra, onde a arbitragem passou por uma transformação significativa com a criação da PGMOL (Professional Game Match Officials Limited), em 2001. Esta entidade é responsável pela gestão e profissionalização dos árbitros da Premier League, Championship e competições da Football League, abrangendo todos os jogos do futebol inglês.
Os árbitros da Premier League possuem contratos de tempo integral, recebem treinamento contínuo, suporte psicológico e acompanhamento físico durante toda a temporada. Seus salários aumentam de acordo com a experiência e o tempo de serviço, além de oferecerem bônus por desempenho em partidas importantes.
Esses modelos não apenas asseguram melhores condições para os árbitros, mas também aprimoram a qualidade do espetáculo, garantem uma certa uniformidade nas decisões e minimizam os erros técnicos — embora as polêmicas no futebol nunca desapareçam por completo.
Profissionalizar a arbitragem não é um capricho, mas uma necessidade que parece ser ignorada pela CBF. A entidade, inclusive, foi alvo de críticas no rigoroso trabalho de investigação de Allan de Abreu na revista Piauí, que expõe os bastidores da organização, revelando embaraços institucionais, má gestão e favorecimentos que prejudicam a confiança e o desenvolvimento do futebol nacional.