Primeira seleção feminina de futebol do Brasil é tema de documentário

Nesta semana, os cinemas apresentam o filme “As Primeiras”, que aborda um assunto pouco conhecido entre o público brasileiro. Dirigido por Adriana Yañez, o documentário narra as histórias das mulheres que foram pioneiras na formação da primeira Seleção Feminina de Futebol do Brasil, nos anos 1980, incluindo depoimentos de seis ex-jogadoras.Primeira seleção feminina de futebol do Brasil é tema de documentário

Quando Elane dos Santos, Leda Maria, Maria Lucia da Silva, Marilza Martins, Marisa Pires, Roseli de Belo e Rosilane Camargo começaram a jogar, o futebol era considerado um esporte proibido para mulheres. A prática do futebol feminino só foi regulamentada no Brasil em 1983, após mais de 40 anos de restrições. Um decreto do Estado Novo, em 1941, proibiu as mulheres de praticarem esportes.

Aira Bonfim, responsável pela pesquisa do filme, destaca uma conexão entre as gerações de jogadoras que surgiram antes e depois da proibição:

“O grupo de pioneiras que escolhemos vive nos mesmos bairros suburbanos do Rio de Janeiro onde as equipes se formaram na década de 40. É como se fossem uma continuidade, reaparecendo nesses mesmos locais. O filme estabelece essa ligação com o ambiente da periferia carioca.”

O documentário retrata experiências de mulheres pioneiras que residem nos subúrbios do Rio de Janeiro, se aproximando da faixa dos 60 anos, e compartilham um passado comum: são a base da primeira Seleção Feminina de Futebol do Brasil.

fotografia da primeira seleção brasileira feminina de futebol
fotografia da primeira seleção brasileira feminina de futebol

Documentário retrata a primeira seleção brasileira feminina de futebol – Imagem cedida pela Olé Produções

Leda Maria Abreu, 59 anos, moradora de Itaboraí, na região metropolitana do Rio, passou 26 anos jogando profissionalmente. Ela relembra que, aos 17 anos, foi a zagueira da primeira seleção feminina.

“O filme nos dá visibilidade, pois uma geração inteira foi esquecida. Mostra o quanto lutamos e sofremos para estarmos nos campos, enfrentando todos os desafios. Conseguimos, através deste documentário, demonstrar a amizade que nos uniu, superando as barreiras daquele período em que jogávamos futebol.”

Naquele tempo, os retornos financeiros eram escassos, obrigando-as a buscar novos caminhos e significados após a interrupção de suas carreiras no futebol.

Adriana Iañez, a diretora do filme, afirma que o documentário faz uma importante reinterpretação sobre a amizade feminina, a memória do futebol feminino no Brasil e a capacidade dessas mulheres de recomeçar, apesar das injustiças que enfrentaram.

“Quase quatro décadas depois, elas ainda habitam as mesmas comunidades, vivendo de trabalhos informais, mas demonstram uma força, esperança, e, ao mesmo tempo, orgulho e alegria por sua história, por terem tido a oportunidade de jogar futebol e de se conhecerem. É maravilhoso testemunhar a força da amizade entre mulheres e a resiliência delas.”

Eventualmente, as ex-atletas se reúnem para jogar uma partida e trocar histórias.

O filme está em exibição em cinemas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e a partir de 17 de abril, poderá ser assistido em um serviço de streaming.

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

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