Operação Personagens: juiz bloqueia R$ 12 milhões de quadrilha acusada de fraudes bancárias no Piauí
O juiz da Vara de Delitos de Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Piauí, Thiago Carvalho Martins, aceitou, no último dia 3 de junho, a denúncia apresentada pelo Ministério Público contra 27 pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa especializada em fraudes bancárias na região de Parnaíba. Todos eles foram alvos da Operação Personagens, deflagrada em abril pela Polícia Civil do Piauí.
Na decisão proferida pelo magistrado, também foi determinado o bloqueio de contas bancárias, planos de previdência e ações na CVM no valor de R$ 12 milhões, medida que atinge tanto os réus quanto pessoas jurídicas ligadas ao esquema, como a empresa fictícia “Super Negócios”. A decisão judicial tem como base provas obtidas ao longo de investigações da Polícia Civil do Piauí, deflagradas durante a Operação Personagens.
Tribunal de Justiça do Piauí
Se tornaram réus na Justiça: Raimundo Nonato Pereira dos Santos Filho, Neusiele da Silva Alves, Rafael Rodrigues dos Santos, Bruno Machado de Carvalho, Carlos Vitor Souza Alves, Felipe Oliveira de Araújo, Joanilda Passos do Nascimento, João Batista da Silva, Leandro de Sousa Fontenele, Liana Carla Pereira da Costa Rabelo, Luiz Felipe Passos, Odmar Sousa Monteiro, Paulo Sérgio Pereira da Silva, Thiago Stives Rodrigues de Carvalho, Walber Glécio Veras Rodrigues, Widlezh Felipe Silva, José de Ribamar Souza, Mateus Rodrigues de Araújo, Ramon Araújo de Assunção, Elisangela Moraes Baptista, Maria Lillyane Carvalho de Oliveira, Emmanuelle Sampaio Collete, Luiz Matheus Araújo Silva, Lucas Vasconcelos da Silva, Raimundo Nonato de Sousa Feitosa, Iraci Silva Martins e Virna Araújo de Assunção.
Denúncia do Ministério Público
Segundo a denúncia do Ministério Público, o grupo agia de forma organizada desde 2019, utilizando documentos falsos para contratar empréstimos consignados em nome de terceiros, principalmente idosos e moradores em situação de rua. As fraudes eram realizadas com uso de celulares e computadores, e os valores obtidos nas operações ilegais eram desviados para contas bancárias controladas pela quadrilha, mas registradas em nome das vítimas. Além dos empréstimos fraudulentos, os investigados também estariam envolvidos em estelionatos envolvendo milhas aéreas e seguros de vida.
A denúncia, oferecida no dia 19 de maio pelo promotor Marcelo de Jesus Monteiro Araújo, detalha a atuação dos acusados, distribuídos em núcleos técnico, financeiro e de campo. O núcleo técnico era responsável por falsificar documentos e manipular sistemas eletrônicos, enquanto o núcleo financeiro promovia a lavagem do dinheiro. Já o núcleo de campo atuava no aliciamento de pessoas para servirem como “laranjas” ou para fornecerem imagens usadas em documentos falsos. Um dos réus chegou a ser preso em flagrante ao tentar abrir uma conta bancária com documentos falsificados em uma agência do Banco do Brasil, em Parnaíba.
As investigações revelaram movimentações bancárias milionárias incompatíveis com as rendas declaradas pelos envolvidos. Rafael Rodrigues dos Santos, apontado como principal operador financeiro do grupo, movimentou sozinho R$ 3,7 milhões entre 2021 e 2024. Já Raimundo Nonato Pereira dos Santos Filho, tido como um dos líderes da organização, teve em sua conta pessoal um crédito de mais de R$ 2,1 milhões, sem possuir fonte de renda lícita. As transações incluíam ainda valores provenientes de empréstimos fraudados, como o caso de uma vítima que teve um número de celular e contas bancárias criadas em seu nome sem autorização.
Com a aceitação da denúncia, o juiz determinou a citação de todos os acusados para responderem por escrito às acusações no prazo de dez dias. Além da citação, foram expedidos mandados de prisão preventiva contra oito investigados e bloqueios de bens dos principais alvos.
