Renato Gaúcho se tornou uma figura notável na Copa do Mundo de Clubes, recebendo elogios de vários técnicos, incluindo Abel Ferreira e Enzo Maresca, o treinador do Chelsea que eliminou o Palmeiras.
“Gosto muito dele. Já disse isso quando jogamos a final da Copa do Brasil e quando conquistamos a Libertadores”, comentou Abel. “Espero que ele me convide para jogar em Copacabana um dia.”
Abel cometeu um pequeno engano; o lugar certo é Ipanema!
A famosa canção “Garoto de Ipanema” simboliza o sucesso brasileiro na Copa do Mundo de Clubes, levantando questões sobre a evolução do futebol no Brasil em comparação ao europeu.
O Palmeiras foi o único dos quatro representantes a não vencer uma equipe europeia, mas teve um desempenho sólido na segunda metade da partida contra o Chelsea. “Eles percebem que somos competitivos quando temos campos bons e um tempo adequado para descansar”, declarou Abel.
Nas semifinais, não há treinadores ingleses, italianos ou alemães, apenas um brasileiro.
Reafirmando uma verdade já conhecida, a mudança no jogo entre clubes europeus e brasileiros ocorreu por conta da sentença Bosman. Isso permitiu que jogadores da América do Sul, assim como outros profissionais, pudessem atuar livremente na Europa, desde que tivessem o passaporte de seus países, avós ou até mesmo cônjuges.
Se o critério fosse baseado na história, a Europa não teria apenas 14 títulos mundiais contra 20 da América do Sul, quando a Justiça Europeia decidiu a favor de Bosman.
Entre os semifinalistas, apenas o Bayern não conta com brasileiros. O Brasil se destaca por ter representantes em todas as finais da Champions League desde 2000. A maior desigualdade reside na falta de uma liga que promova uma visão econômica mais ampla, olhando para o todo em vez de focar nos detalhes.
Quando houver uma base e um tronco robustos, surgirão galhos diversificados e saudáveis.
Abel se dirige à torcida no plural, “nós”. Ele está prestes a renovar por mais dois anos com o Palmeiras, representando tanto o nosso caos quanto a nossa glória. Seu discurso é de quem deseja contribuir para o crescimento do que já foi o “país do futebol”.
Renato também é parte dessa narrativa, simbolizando uma cultura de jogo arraigada e oral. Aqueles que acompanharam Telê Santana ou Elba de Pádua Lima, conhecido como Tim, entendem a profundidade de seu trabalho.
“Quando Tim pegava seus botões, transformava o jogo”, recorda Gílson Nunes, atleta que jogou sob seu comando no Vasco e Fluminense, além de ser técnico campeão mundial sub-20 em 1985. Uma parte do desafio é que essa rica cultura não está registrada em livros.
Portugal não terá um técnico nas semifinais, mas formou uma geração capaz de conquistar 75 títulos em 30 países no século 21. O investimento em estudo foi fundamental para unir teoria e prática. Portugal possui apenas 11 milhões de habitantes e uma economia muito menor que a do Brasil.
A Copa do Mundo de Clubes mostra que o futebol ainda é forte no ex-país do futebol. Há muito a ser explorado, mas o potencial é imenso.