Estevão Rocha: Engenharia e Futebol | Opinião

Foto: Arquivo Pessoal
Estevão Rocha, Pró-reitor da Unichristus.

Recentemente, diversos meios de comunicação destacaram a acentuada redução na formação de engenheiros no Brasil nos últimos dez anos. Essa tendência é motivo de preocupação para o futuro do país, especialmente quando comparada ao que na China e na Coreia do Sul está sendo incentivado.

Não quero me restringir a lamentar a suposta inferioridade dos nossos produtos em relação aos internacionais ou a justificar essa realidade atribuindo uma inteligência superior aos orientais. Será que realmente não temos profissionais capacitados no Brasil?

Nos anos 1960, a Coreia era um país sem engenheiros e mal iniciava sua produção industrial, com uma renda per capita inferior à do Brasil. Enquanto isso, nós já fabricávamos automóveis e geladeiras, ao contrário da Coreia, que dependia essencialmente da agricultura.

A China, até os anos 1980, encontrava-se em situação similar à da Coreia. Contudo, a partir dessa década, vários países começaram a valorizar a formação de engenheiros. A China adotou uma estratégia focada em enviar seus estudantes às melhores universidades do exterior, trazê-los de volta e integrá-los nas indústrias estrangeiras no território chinês, em colaboração com parceiros locais. Pouco depois, o governo chinês fez um mapeamento das universidades que formavam os engenheiros mais qualificados.

Em seguida, as universidades de maior prestígio foram convidadas a abrir campi na China e a participar de programas de formação de professores locais como parte dos acordos acadêmicos. Após cerca de 20 anos, os chineses já haviam criado suas próprias universidades para formar engenheiros. Hoje, tanto as fábricas quanto as universidades operam de forma independente, sem parcerias estrangeiras. Esse é o resultado de uma estratégia que envolve sabedoria e investimentos de longo prazo.

Por ser conhecido como o País do futebol, imaginei que, pelo menos nesse campo, não ficaríamos atrás, como já ocorre na engenharia. Que engano! O posto mais importante e respeitado no futebol foi confiado a um estrangeiro. O maior salário do Brasil, referente ao técnico da seleção, não estava à altura de um profissional local. É assim que o Brasil pretende avançar? Não encontramos profissionais qualificados em um setor pelo qual temos renome mundial. Imagine o que ocorre na área da tecnologia, onde não existe Copa do Mundo para julgar quem tem o melhor desempenho.

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

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