Equipe da Semarh percorre o Piauí para avaliar impactos da Seca Verde
Identificada no Piauí em fevereiro deste ano, a Seca Verde é caracterizada pela escassez de chuvas em períodos críticos do ciclo agrícola. Segundo a climatologista Sara Cardoso, coordenadora da Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos Extremos da CMA, esse fenômeno afeta principalmente as lavouras de sequeiro, que dependem exclusivamente das precipitações. Culturas como milho e feijão apresentam crescimento atrasado e redução na produtividade, mesmo que a vegetação aparente estar em bom estado.
Impactos na produção agrícola
O impacto da Seca Verde já é sentido diretamente pelos agricultores familiares. Dona Crisana, moradora de Monsenhor Hipólito, relatou que sua plantação de milho e feijão teve o crescimento comprometido devido à irregularidade das chuvas. Segundo ela, a colheita deste ano será menor do que a do ano passado, evidenciando as perdas no setor agrícola.
Outro fator preocupante é a redução do volume de água em riachos e barreiros, mesmo durante o período chuvoso. De acordo com especialistas da Semarh, essa situação decorre da irregularidade das chuvas, que pode ocorrer de duas formas:
• Irregularidade temporal: quando há longos períodos de estiagem entre uma precipitação e outra;
• Irregularidade espacial: quando as chuvas são desiguais dentro de um mesmo município, deixando algumas áreas severamente afetadas.
Coleta de dados e providências legais
A expedição faz parte das ações do Programa Progestão, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A equipe está coletando dados a partir de entrevistas com agricultores e observadores locais nas regiões mais afetadas do estado.
O secretário do Meio Ambiente, Daniel Oliveira, destacou a preocupação do governo com os impactos da Seca Verde, mas garantiu que todas as providências cabíveis serão tomadas.
“A situação da Seca Verde no Piauí é grave e exige atenção. O que estamos fazendo com essa expedição é um diagnóstico real e aprofundado da situação para que possamos agir com base em dados concretos. A Semarh está comprometida em garantir que os encaminhamentos necessários sejam tomados, seja no âmbito estadual ou federal. Isso inclui a possibilidade de decretos de estado de emergência ou de calamidade, seguindo os protocolos legais exigidos para garantir assistência aos agricultores e minimizar os danos econômicos e sociais causados pela estiagem”, afirmou o secretário.
Os dados levantados serão apresentados ao Governo do Estado, subsidiando decisões estratégicas para mitigar os impactos da seca e ampliar políticas públicas de adaptação à irregularidade climática.