Eleições na CBF: Existe chance de algo mudar até o dia da votação?

Aquela que prometia ser uma das eleições mais disputadas da história da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) parece estar caminhando para um resultado previsível.

O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, fez esforços significativos para sua candidatura, mas sem sucesso.

Mesmo contando com o apoio de aproximadamente 80% dos clubes das Séries A e B, que assinaram um manifesto em sua defesa, ele não conseguirá participar da eleição da CBF.

As federações estaduais, com maior influência nas votações, decidiram apoiar Samir Xaud, de Roraima, que deve ser eleito como presidente da CBF na próxima votação, marcada para domingo (25).

A situação é considerada quase irreversível, embora a política recente da entidade tenha sido repleta de surpresas.

Uma eleição estava também agendada para o início de 2024, para escolher o sucessor de Ednaldo Rodrigues, que havia sido afastado pela Justiça.

No entanto, a eleição anterior nem chegou a ocorrer. Agora, resta saber se haverá uma nova reviravolta que possa impedir a vitória de Samir no domingo.

Cenário repetido, mas com diferenças significativas

Tanto em 2024 quanto em 2025, o mesmo presidente foi afastado por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

No ano passado, Ednaldo contava com um suporte maior das entidades, incluindo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Essas organizações proíbem a interferência do Estado em suas entidades filiadas.

As entidades apoiaram Ednaldo, ameaçando barrar as seleções brasileiras em competições internacionais.

Naquele momento, havia um risco real de a seleção não ser inscrita no Pré-Olímpico para os Jogos de Paris 2024, pois FIFA e Conmebol não reconheciam José Perdiz, nomeado pela Justiça como interventor, como um representante legítimo da CBF.

Esse argumento foi utilizado pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) ao solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma liminar, que foi concedida pelo ministro Gilmar Mendes, restituindo Ednaldo ao cargo.

Atualmente, no entanto, as chances de Ednaldo reverter sua situação são mínimas. A Máquina do Esporte apurou que não há, até o momento, nenhum julgamento agendado no STF relacionado à presidência da CBF.

No domingo (18), conforme reportou a ESPN, Gilmar Mendes negou um pedido de urgência de Ednaldo, que buscava anular a decisão do TJ-RJ que determinou seu afastamento.

O ministro abriu um prazo de cinco dias para ouvir todas as partes envolvidas, incluindo o PC do B, Advocacia-Geral da União, Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) e Procuradoria-Geral da República (PGR).

Após isso, Mendes se manifestará. Entretanto, até lá a CBF já terá realizado sua nova eleição e Samir assumirá o cargo.

Desta vez, FIFA e Conmebol optaram por não se pronunciar sobre o afastamento de Ednaldo.

Além disso, Ednaldo perdeu o apoio das federações, que eram essenciais para sua permanência no poder.

As relações dele com dirigentes estaduais azedaram devido a mudanças no estatuto da CBF que reduziram o poder da diretoria e dos vices.

Não é surpreendente que a principal proposta de Samir Xaud seja justamente descentralizar as decisões na CBF.

Na tarde de segunda-feira (19), segundo Rodrigo Mattos, do UOL, Ednaldo decidiu desistir dos recursos no STF, o que torna o caminho de Samir à presidência ainda mais claro.

Qual será o futuro de Reinaldo e dos clubes que o apoiaram?

Em entrevista à Máquina do Esporte no sábado (17), Samir anunciou que já contava com o apoio de 22 federações estaduais, um aumento em relação às 19 iniciais.

O estatuto de 2017 da CBF exige, para registrar uma candidatura, pelo menos oito assinaturas de federações estaduais e cinco de presidentes de clubes das Séries A e B.

Além disso, o estatuto impede que um mesmo dirigente apoie mais de uma candidatura. Assim, a candidatura de Reinaldo se tornou inviável, apesar do apoio de 32 clubes de primeira e segunda divisão.

No final, apenas a federação de Mato Grosso manteve apoio a Reinaldo, enquanto as outras 25 se aliaram a Samir.

No domingo (18), a página oficial da FPF no Instagram ainda publicou um post reiterando o manifesto dos 32 clubes, ex-aliados de Reinaldo.

Por enquanto, tanto Reinaldo quanto os clubes que o apoiaram optaram por não comentar sobre a eleição da CBF.

Dos grandes clubes do estado, apenas o Palmeiras não apoiou Reinaldo. A presidente Leila Pereira declarou apoio oficial a Samir, afirmando que ele compartilha pautas relevantes para sua gestão, como fair play financeiro, redução dos campeonatos estaduais e a criação de uma liga unificada no Brasil.

Visão do provável futuro presidente da CBF

Em entrevista à Máquina do Esporte no último sábado, Samir falou sobre seus planos, caso eleito, de implementar um modelo de gestão descentralizado e participativo. Também defendeu a criação de uma liga para organizar o Campeonato Brasileiro.

“Apoio a criação de uma liga unificada e robusta no futebol brasileiro. Temos um produto grande, mas que não vem sendo bem aproveitado. Vamos nos empenhar para que essa união ocorra e que os clubes possam desenvolver a liga”, disse Samir.

A eleição da CBF acontecerá um dia antes da apresentação de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira. Samir comentou que está comprometido em respeitar os contratos e tranquilizou o treinador.

“Conversamos com Ancelotti e garantimos que honraremos o contrato firmado”, afirmou.

Além disso, Samir expressou a intenção de revisar os contratos publicitários da CBF, caso venha a ser eleito.

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

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