Economia do Piauí tem panorama positivo, mas pode enfrentar desafios em 2025
Economia foi um dos temas centrais e mais discutidos durante o ano de 2024 e no âmbito do Piauí não foi diferente. Ao encerrar do ano de 2024, a economia do Piauí apresentou um panorama com avanços em algumas áreas e desafios em outras, mesmo em cenário instável do Brasil, que segue em debate pela responsabilidade fiscal e em busca de crescimento mais forte nos dados macroeconômicos. Conforme dados obtidos e analisados pelo GP1, o Piauí pode ter o ano de 2025 estável economicamente, mas com possibilidade de desafios por conta dos rumos nacionais da taxa de juros, tributações e câmbio.
A economia do Piauí encerrou 2024 com indicadores robustos, destacando-se no cenário nacional e regional, pois segundo o Banco Santander, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado cresceu 2,5%, superando a média nacional de 2% e a do Nordeste de 2,3%. Este desempenho foi impulsionado pelo setor de serviços, que representa 79,7% da economia local e cresceu 2,5%, e pela indústria, que avançou 5,5%, posicionando o Piauí como um dos líderes no setor industrial no Brasil, ao lado de Tocantins e atrás apenas do Espírito Santo.
Dinheiro em espécie
No setor industrial, o crescimento de 8,9% em 2023 foi sucedido por uma expansão de 5,5% em 2024, com previsão de 5% para 2025, conforme o Banco Santander. O desempenho foi atribuído, em parte, ao aumento da produção de alimentos, que respondeu por 45,87% da receita líquida da indústria local, e ao crescimento da manutenção e instalação de equipamentos, que agora representam 15,26% do setor, segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE. Apesar de avanços na indústria, o setor agropecuário, que representa 8% do PIB estadual, registrou retração de 2% em 2024, após um crescimento excepcional de 15% no ano anterior, conforme os dados do IBGE.
Os indicadores sociais e de mercado de trabalho também apresentaram progresso, pois de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), a taxa de desocupação caiu para 7,6%, o menor índice em quase uma década, e o rendimento médio mensal alcançou R$ 2.354, o segundo maior do Nordeste. A taxa de desalento reduziu-se para 8,8%, enquanto a inclusão de mulheres no mercado de trabalho melhorou, com a taxa de desocupação feminina recuando para 8,4%, próxima da masculina, de 7%.
No campo das exportações, o Piauí quase triplicou sua produção de mel em dez anos, alcançando 8.829,8 toneladas em 2023, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE. Essa expansão consolidou o estado como o segundo maior produtor do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Cerca de 80% da produção piauiense foi destinada ao mercado externo, gerando uma receita de R$ 106,9 milhões, um aumento de 418,9% em relação a 2014. As cidades de São Raimundo Nonato e Picos lideraram a produção local.
A arrecadação de impostos no estado também superou as expectativas, ultrapassando R$ 20 bilhões em 2024, um aumento de 17,73% em comparação a 2022, segundo dados do Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Esse crescimento refletiu tanto a melhora nos indicadores econômicos quanto uma política fiscal mais eficiente. Para 2025, o orçamento aprovado prevê receitas totais de R$ 28,4 bilhões, com R$ 23,1 bilhões destinados ao funcionamento dos três poderes e órgãos estaduais, de acordo com a Lei Orçamentária Estadual.
Dinheiro em espécie após ser sacado
No setor de turismo, o estado atraiu 318 mil viagens domésticas em 2024, um aumento de 3% em relação a 2021, conforme o módulo de Turismo da PNADC, realizado pelo IBGE. Apesar de sua dimensão modesta frente às grandes capitais turísticas, o gasto médio dos visitantes foi de R$ 1.360 por pernoite, injetando R$ 432 milhões na economia local. A maior parte dos turistas viajou por razões de saúde ou para visitar familiares, enquanto o lazer representou 23,2% das viagens.
Em termos de infraestrutura, o Piauí registrou o maior índice histórico de participação das obras públicas nos investimentos da construção civil, com 58,4% em 2024, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) do IBGE. Esse aumento foi impulsionado por projetos de energia renovável, principalmente solar e eólica, que têm sido fundamentais para diversificar a economia local e atrair novos investimentos.
Comparando com o Brasil, o Piauí apresentou um crescimento mais estável e focado em setores estratégicos. O PIB nacional fechou 2024 com uma alta de 3,5%, puxado pelo mercado de trabalho aquecido e superávit comercial de cerca de US$ 80 bilhões, de acordo com dados do IBGE e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entretanto, a inflação brasileira fechou o ano em 4,71%, acima do teto da meta, e a taxa Selic encerrou em 12,25%, acima do início do ano, impactando negativamente o consumo.
O Banco Central iniciou o ano com a Selic a 11,25%, reduzida no ciclo anterior, mas retomou o aumento para conter a inflação, que fechou em 4,71%, acima da meta. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho apresentou avanços, com aumento de empregos formais em todos os meses do ano, destacando-se como um dos principais motores da atividade econômica.
Sede do Banco Central
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, apontou instabilidade do cenário econômico e político. O recorde de 137.343 pontos em agosto, impulsionado por otimismo global e pela indicação de Gabriel Galípolo ao Banco Central, contrasta com quedas observadas após a mudança da meta fiscal em abril, quando o governo revisou de superávit primário para déficit zero. O índice também sofreu com os impactos das decisões do Federal Reserve nos Estados Unidos, oscilando significativamente até o final do ano.
O dólar encerrou 2024 em alta de cerca de 28%, segundo dados do mercado, devido a fatores internos e externos. A reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe expectativas de políticas protecionistas, enquanto o risco fiscal brasileiro elevou a percepção de instabilidade. O aumento da dívida pública, que ultrapassou R$ 9 trilhões em outubro, e as medidas de contenção fiscal anunciadas pelo ministro Fernando Haddad foram acompanhados com descrença pelo mercado.
A balança comercial foi um dos destaques positivos, alcançando um superávit estimado em US$ 80 bilhões, conforme a Fundação Getúlio Vargas (FGV). As exportações para a China lideraram o desempenho, superando as importações e contribuindo para os números robustos da economia brasileira. Este saldo comercial também ajudou a minimizar parte dos impactos negativos advindos das oscilações no câmbio e da pressão inflacionária.
Por fim, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,5%, de acordo com o IBGE, com resultados expressivos nos três primeiros trimestres. O PIB acumulado até setembro somou R$ 2,99 trilhões, marcando um crescimento de 3,3% em relação a 2023. Este avanço foi impulsionado pelo mercado de trabalho e pelo setor externo, apesar dos desafios fiscais e da inflação elevada, que seguem como preocupações para 2025.