Como Arthur Elias renova a seleção feminina, soma experiência de Marta e mira títulos

A média de idade da seleção brasileira sob o comando de Pia Sundhage na Copa do Mundo de 2023 caiu de 27,5 para 25 anos, uma diminuição de 2,5 anos. O técnico está implementando mudanças na abordagem do time, semelhante ao que fez no Corinthians, utilizando uma nova geração de jogadoras.

Essa transformação é clara nos amistosos contra o Japão, onde Dudinha marcou dois gols na primeira partida e Jhonson decidiu a segunda. Ambas as jogadoras têm 19 anos.

“O processo de formação está atrelado aos clubes. Como destaques dos dois melhores times do Brasil, elas já possuem uma boa base. O que precisamos fazer é criar um ambiente leve, onde todos possam apoiá-las e orientá-las”, analisa o treinador, referindo-se a Dudinha no São Paulo e Jhonson no Corinthians, que foram finalistas da Supercopa do Brasil nesta temporada.

Dudinha e Marta representam extremos em idade na seleção feminina. Foto: Rebeca Reis/CBF

Ainda mostrando um pouco de timidez em suas declarações, Jhonson se declarou na coletiva pós-jogo: “Estou vivendo um sonho. Vou jogar para que o Brasil conheça o meu futebol. Sou uma menina humilde e tímida,”, terminando com “Ah, sei lá…”.

Dudinha e Jhonson não têm a responsabilidade de liderar a equipe, mas sim de serem guiadas, indicativo de um ambiente que Arthur Elias descreve como “favorável”, com referências como Marta.


Como Arthur Elias renova a seleção feminina, soma experiência de Marta e mira títulos

Marta ‘deu a bênção’ para as novatas na seleção brasileira, que decidiram amistosos contra o Japão. Foto: Lívia Villas Boas/CBF

A camisa 10 voltou à seleção após nove meses, e há incertezas sobre sua continuidade até a Copa do Mundo de 2027 no Brasil.

“Todos falam da experiência da Marta e como ela pode contribuir, e ela ainda está jogando bem. Isso é fácil de notar. Se não estivesse bem, não estaria na seleção. Essa mistura de idades é muito positiva. Fico feliz em ver o futuro e o presente se unindo,” comentou Francielle, ex-meia da seleção, em entrevista ao Estadão.

Entre os destaques da última convocação, que tem uma média de idade intermediária, estão Kerolin (25 anos), Angelina (25) e Duda Sampaio (24), que já colhem os frutos de um legado pressionado pelas atletas do futebol feminino.


Marta passou a faixa de capitã para Angelina ao ser substituída contra o Japão. Foto: Rebeca Reis/CBF

Marta foi uma das vozes mais enérgicas após a eliminação do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019.

“Pedimos tanto, mas também precisamos valorizar. Estamos sorrindo e isso é o mais importante. Precisamos chorar no começo para sorrir no final. O que quero dizer é que precisamos treinar mais e estar preparadas para jogar 90 minutos ou mais,” afirmou na época.

“Isso é o que peço para as meninas. Não teremos sempre uma Formiga, uma Marta ou uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver,” completou.

Renovação recuperou Estados Unidos após fracasso em 2023

A pós-Copa do Mundo de 2023, o Brasil trocou de comando e teve um desempenho expressivo na campanha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, eliminando a Espanha e a França. Enquanto isso, os Estados Unidos, tetracampeões mundiais e penta-olímpicos, surpreenderam ao serem eliminados nas oitavas de final em 2023, rompendo uma sequência de 20 anos entre os dois primeiros lugares do Ranking da FIFA.

Após finalizar em quinto lugar, as norte-americanas recuperaram a posição de liderança com o ouro olímpico em Paris, após uma renovação com a técnica Emma Hayes.


Emma Hayes reformulou a seleção dos Estados Unidos. Foto: @USWNT

Em Tóquio-2020, os Estados Unidos possuíam a equipe mais velha entre as seleções femininas, com referências como Julie Ertz (31 anos), Alex Morgan (34) e Megan Rapinoe (38) no Mundial de 2023.

A mudança de Hayes foi mais radical do que as implementadas por Arthur no Brasil. Ela reduziu a média de idade da seleção para 26,8 anos, a mais baixa desde 2008, cortando atletas veteranas.

Embora Rapinoe tenha se aposentado, a ausência de Morgan gerou questionamentos. Contudo, os resultados validaram a decisão, com 80% das jogadoras titulares na equipe campeã tendo 26 anos ou menos.

“Nosso foco está no futuro e queremos continuar alcançando novos patamares. É bom rever a maioria da nossa equipe olímpica, mas também é gratificante trabalhar com jogadoras mais novas e avaliar seu desempenho em nosso ambiente,” disse Hayes na primeira convocação após o ouro em Paris.

Copa América será novo termômetro competitivo após prata na Olimpíada

O Brasil entra em campo no dia 27 para enfrentar a França no Stade des Alpes, em Grenoble, já com o time que participará da Copa América, em Quito, Equador.

Não se sabe se todas as jogadoras que participaram dos amistosos contra o Japão farão parte da nova convocatória, mas espera-se que Arthur Elias mantenha sua estratégia bem-sucedida.

“A parte tática da seleção brasileira é bastante diferente do que se observa em jogos de clubes ou de outras seleções. Expliquei isso para as jogadoras, mostrando como isso pode aumentar nossas chances de vitória nas partidas,” comentou o técnico.

O time brasileiro mantém uma alta intensidade, com pressão durante boa parte do jogo, chegando a abdicar de espaços no meio-campo para se aproximar da defesa adversária.


Kerolin é uma peça fundamental no esquema de Arthur Elias para conduzir os ataques do Brasil. Foto: Andre Penner/AP

O trio de zagueiras tem a responsabilidade de cobrir a área deixada durante os contra-ataques adversários, o que ocorreu em algumas situações durante os jogos contra o Japão.

“O Japão é uma seleção de alto nível, uma das melhores do mundo. Continuamos a evoluir com e sem a bola. Estamos mais consistentes, o que ficou evidente. Apesar de não termos sido tão eficientes ainda, já avançamos um nível”, avaliou Arthur Elias.

A estreia na Copa América está marcada para o dia 13 de julho, contra a Venezuela, no Grupo B, que também conta com Bolívia, Colômbia e Paraguai.

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

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