Com histórico polêmico, AEGEA assume saneamento em todo o Piauí em 30 dias
Faltam exatos 30 dias para que a Agespisa entregue oficialmente à Aegea Saneamento as operações de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Piauí. Mas o que já chegou a muitas casas foi a revolta.
Contagem regressiva: FIM DA AGESPISA.
Um vídeo publicado pela TV Lupa 1 mostra cenas chocantes da cidade de São João do Piauí: da torneira, sai uma água espessa, escura, com aparência de lama de esgoto.
O retrato do descaso. A água que chega nas casas dos piauienses em cidades como São João do Piauí. E quando chega.
“Ao tempo em que aguardam, sem prazo, os moradores convivem com cenas que causam dó”, diz a legenda do vídeo, que viralizou nas redes.
Vídeo postados nas redes sociais Lupa 1. A cena entristece.
Fim da linha
Enquanto a população convive com esse colapso, a Agespisa começou a avisar funcionários terceirizados e aos que não aderiram ao Plano de Desligamento Voluntário (PDV) o desligamento de todos da empresa. O aviso enviado pela própria empresa estipula o fim do contrato para 25 de junho, data em que a Aegea assume oficialmente o controle. Assim foi trecho da mensagem a enviada:
Conforme o artigo 487 da CLT, informamos que o seu aviso prévio de desligamento terá início em XX/05/2025 e término em 25/06/2025.
Falta água, falta gestão
Segundo relatos recebidos pelo Lupa 1, diversas cidades estão à deriva. Não há assistência técnica da Agespisa, nem ainda o suporte efetivo da Aegea — criando um limbo que penaliza diretamente a população.
Velha conhecida de Teresina e Timon, AEGEA deixa rastros por onde passa.
A PPP firmada pelo governo estadual com a Aegea prevê R$ 8,6 bilhões em investimentos nos primeiros 10 anos e metas ousadas: 99% da população com água tratada até 2033 e 90% de cobertura de esgoto até 2040 — incluindo áreas rurais. Mas até lá, o que chega nas torneiras continua a envergonhar o Estado. E isso é só o começo.
Banho de lama
O vídeo do “banho de lama” viralizou porque machuca — na pele, no bolso e na consciência de um estado que há décadas mendiga por dignidade básica. A Agespisa se despede como o retrato do fracasso estatal na prestação de um serviço essencial. E que fique claro: não por negligência total da atual presidência, que herdou uma bomba e tentou conter a implosão com algum grau de competência técnica.
Cobrança de esgoto levanta alerta no interior
Em Teresina, a Aegea cobrava 100% do valor da conta de água como tarifa de esgoto. Após pressão popular e acordo com a prefeitura, esse percentual foi reduzido para 80% — mesmo em bairros onde o serviço ainda não cobre todas as residências. Em Timon, a prática é semelhante: a cobrança é proporcional, mesmo com cobertura limitada.
Com a expansão da Aegea para o interior do Piauí, surge uma preocupação legítima: será que também vão cobrar antes de entregar? Se nas periferias da capital já há reclamações sobre cobrança sem serviço pleno, o risco de injustiça tarifária nos pequenos municípios é ainda maior.
O ponto de ruptura
Agora, a Aegea assume. E o que deveria ser uma transição planejada se tornou um vácuo institucional. O que chega às casas não é progresso — é esgoto em estado líquido. A empresa, já conhecida pelas queixas acumuladas em Teresina e Timon, já começa mal sua jornada no interior do Piauí: sem estrutura, sem resposta e sem qualquer sinal de compromisso com a urgência real das cidades.
De Teresina para todo o Piauí: a promessa é animadora mas os resultados que temos, não.
Como já é conhecida.
A narrativa vendida de modernização não vai resistir a um simples teste de torneira. E o silêncio — tanto de quem entrega quanto de quem recebe — só reforça a sensação de abandono.
Enquanto os contratos correm em cartório, a lama corre pelos canos. E quem sofre, como sempre, é o povo. Seguiremos acompanhando a transição.
A OPINIÃO DOS NOSSOS COLUNISTAS NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO PORTAL LUPA1 E DEMAIS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DO GRUPO LUPA1 .
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