Caso de Bruno Henrique expõe falhas do futebol contra manipulação
De acordo com o advogado Andrei Kampff, especialista em direito desportivo, é crucial que as entidades esportivas, como clubes, federações e confederações, direcionem recursos para projetos voltados à conformidade e à integridade.
“Os casos recorrentes de denúncias de manipulação envolvendo atletas da elite do esporte evidenciam a incapacidade do futebol de proteger a integridade do jogo. É imprescindível investir em iniciativas eficazes de conformidade, desenvolvendo códigos, diretrizes e cursos que instruam atletas e membros da comunidade esportiva sobre a importância da integridade. Além disso, a Justiça Desportiva desempenha um papel essencial, impondo punições severas para a manipulação de resultados, pois a aplicação rigorosa da lei pode alterar comportamentos”, ressalta.
Tiago Horta, chefe de Integridade para a América Latina na Genius Sports, menciona que a Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/23) obriga que os atletas recebam educação sobre integridade. No entanto, ele observa que, na prática, isso frequentemente não acontece.
“O foco aqui é na educação. O artigo 9° da Lei Geral do Esporte estabelece que os atletas devem ser educados em questões de integridade. Contudo, sabemos que essa educação não ocorre como deveria. É vital implementar programas educativos que abordem os riscos do envolvimento indevido com apostas e manipulação de resultados, garantindo que esses programas sejam permanentes e devidamente abrangentes para todos os atletas brasileiros, independentemente da modalidade, com o apoio de profissionais capacitados. Uma vez que todos os atletas estejam devidamente informados sobre o assunto, será mais fácil responsabilizá-los em casos semelhantes”, explica.
Campanhas educativas dirigidas aos atletas devem iniciar ainda nas categorias de base. Um exemplo é o Ibrachina FC, fundado em 2020 como um projeto social e um dos principais formadores de jogadores do futebol paulista. O presidente Henrique Law afirma que o clube realiza diariamente atividades com jovens talentos, abordando questões extracampo que podem ser prejudiciais, incluindo as apostas esportivas.
“O trabalho no Ibrachina é constante. Monitoramos de perto os atletas de todas as categorias para garantir que fatores extracampo não comprometam os princípios que ensinamos, como responsabilidade, disciplina, respeito, dignidade e honestidade. Sempre respeitando o processo de formação do atleta, o Ibrachina se mantém atualizado sobre os riscos que podem impactar o esporte e seus atletas. Realizamos frequentemente palestras sobre manipulação de resultados no esporte, uma prática já antiga, mas que tomou proporções maiores atualmente”, destaca o dirigente.
