Auditoria aponta falhas na gestão de resíduos sólidos em Parnaíba e TCE-PI recomenda providências à Prefeitura


O Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) emitiu o Acórdão nº 150/2025, resultado de uma auditoria operacional que avaliou a destinação dos resíduos sólidos urbanos em Parnaíba. O relatório revelou falhas significativas na gestão do serviço, riscos ambientais, ameaça à saúde pública e o descumprimento das metas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010).

A auditoria mostrou que a prefeitura ainda utiliza um lixão como destino final dos resíduos coletados, contrariando a legislação vigente. A inspeção constatou ausência de coleta seletiva, reciclagem, compostagem e tratamento adequado dos resíduos, além de más condições no local de descarte, onde há presença de catadores em situação insalubre, chorume escoando livremente e resíduos hospitalares misturados aos resíduos comuns.

De acordo com o relatório técnico produzidos pela Divisão de Fiscalização de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, o município também não implantou a taxa de manejo de resíduos sólidos, medida obrigatória segundo a Lei nº 11.445/2007. A falta de arrecadação específica compromete a sustentabilidade econômico-financeira do serviço e sobrecarrega o orçamento municipal.

Em decisão colegiada, o TCE-PI recomendou que a Prefeitura de Parnaíba elabore e execute, com urgência, um plano de ação para desativação do lixão e implantação de um sistema de destinação ambientalmente adequada. O Tribunal também determinou o acompanhamento do cumprimento das recomendações, com prazos estabelecidos para sua execução.

O relator do processo, conselheiro Jaylson Campelo, apontou que o município precisa se adequar às exigências legais e garantir que a destinação dos resíduos seja feita de forma segura, sustentável e em conformidade com a Lei nº 12.305/2010.

A auditoria revelou ainda que, em 2023, o município gastou R$ 3,6 milhões com a operação de descarte irregular dos resíduos. O TCE considera que os recursos poderiam ser melhor aplicados em um aterro sanitário licenciado, que atenderia às normas ambientais e proporcionaria um serviço mais eficiente à população.

Parnaíba, segundo maior município do estado, também apresenta índices preocupantes no cenário estadual e nacional. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) indicam que o Piauí tem uma das piores coberturas de coleta domiciliar do Brasil, além do menor índice de reciclagem entre as unidades da federação.

O TCE-PI alertou que a permanência de lixões e a ausência de cobrança pela prestação do serviço configuram descumprimento da legislação federal e podem gerar penalidades aos gestores responsáveis.

Programa “Zero Lixões: Por um Piauí mais limpo”

A auditoria representa mais uma contribuição do TCE-PI ao programa “Zero Lixões: Por um Piauí mais limpo”, iniciativa que visa à erradicação dos lixões e à correta destinação dos resíduos sólidos no estado. O programa é desenvolvido pelo Ministério Público do Piauí (MPPI), em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) e outras instituições, e já possibilitou o encerramento de quase 40 lixões em municípios piauienses.

 Em 2024, um levantamento realizado pela Diretoria de Fiscalização de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano (DFINFRA) do TCE-PI revelou que 99% dos municípios do estado — com exceção de Teresina, que não foi incluída no estudo — ainda realizam a destinação final dos resíduos sólidos domiciliares de forma ambientalmente inadequada. O relatório também estimou que a implantação de aterros sanitários de uso compartilhado entre municípios demandaria um investimento anual de R$ 65,8 milhões para operação, valor considerado viável frente aos impactos sociais e ambientais da manutenção dos lixões.



Fonte Original da Notícial

Manu Azi

Redatora Profissional, estou sempre informada sobre as últimas notícias do Piauí, do Brasil e do Mundo, sempre com o compromisso de falar a verdade.

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