A construção da pilhagem – revista piauí
Eram 6h30 quando o presidente Lula recebeu, no Palácio do Planalto, o diretor-geral da Polícia Federal e o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). Os dois levavam a notícia de que, naquela hora da manhã de 23 de abril, uma ação policial, batizada Operação Sem Desconto, estava nas ruas para combater um esquema criminoso de escala inédita na Previdência Social. Em 34 cidades, 628 policiais federais estavam cumprindo 211 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão temporária. O esquema roubara uns 6 bilhões de reais de pelo menos 1 milhão de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em resumo, um desastre.
Com seu faro político, o presidente Lula percebeu na hora o tamanho do estrago que o escândalo poderia causar ao seu governo – e ficou indignado. Durante mais de uma hora, Lula ouviu os detalhes, como um dos presentes contou à piauí, e avaliou que o esquema criminoso não tinha sido criado durante o seu governo. De fato, o roubo nos pagamentos de pensões e aposentadorias havia começado em 2017, durante o governo de Michel Temer. No entanto, Lula entendeu que seu governo pagaria o pato. E, de fato, pagaria, porque na sua gestão os descontos escalaram e seu governo levou mais de dois anos para tomar uma providência concreta. Logo começou uma guerra de narrativas: o governo atual dizendo que os anteriores cevaram um escândalo monumental, e a oposição dizendo que o governo atual permitiu que os velhinhos fossem assaltados todos os meses.
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