Futebol cria laços. Em tragédias assim, é como se fosse nossa família
Os companheiros de seleção, os colegas do Liverpool e até os oponentes que costumavam enfrentá-lo sentem profundamente essa tragédia. As homenagens, mensagens e momentos de silêncio refletem o tamanho da dor e do vazio deixados. O Liverpool irá se reunir novamente em breve, mas Diogo Jota não estará presente.
O futebol cria vínculos intensos. Quando uma tragédia dessa magnitude ocorre, todos nesse universo sentem a perda como se fosse de um membro da própria família. E de fato, é uma perda real. A tristeza é compartilhada; mesmo aqueles que já se afastaram do campo, como eu, revivem as memórias e sentem a dor.
Meus pensamentos vão para a esposa dele, os filhos, e os pais que perderam dois filhos de uma só vez. Como eles encontrarão a força para seguir em frente? Como proteger as crianças quando estamos tão despedaçados?
A dor deve ser sentida. O lamento precisa ser expresso. A raiva deve ser liberada, mesmo que direcionada a Deus, se necessário. Afinal, é preciso encontrar uma maneira de atribuir culpa a alguém. Quem melhor do que Ele para compreender essa raiva? Tentar ignorar o choro ou esconder a dor não traz cura.
Eu aprendi isso da maneira mais difícil. Quando minha irmã faleceu aos 23 anos, eu tinha apenas 15. Vi minha família despedaçada e pensei que precisava ser forte, assumir o papel de suporte. Mas isso não era meu dever. A raiva que guardei dentro de mim me corroeu, e o choro veio tarde demais, sufocado por dentro.
Hoje, toda perda trágica resgata aquele desespero em mim. A vontade de abraçar, consolar e proteger é intensa, mas muitas vezes somos impotentes diante de certas dores.