Qualidade de diamantes faz israelense ampliar produção em dez vezes no Piauí

Com informações do site Piauí Negócios
A produção de diamantes em Gilbués, no sul do Piauí, será ampliada em dez vezes até 2026. A meta é da DM Mineração, que atua com lavra legalizada e planeja elevar a extração mensal de mil para 10 mil quilates. O projeto é liderado pelo empresário israelense Shukry Layousse, responsável pela legalização da atividade na região, que investiu cerca de U$ 25 milhões em equipamentos no empreendimento, que teve início em 2018.
A região de Gilbués é conhecida pela extração de diamantes desde a década de 1960, quando garimpeiros de várias partes do Brasil exploravam o mineral de forma rudimentar e sem regulação. Em 2006, Shukry Layousse chegou ao município e iniciou estudos geológicos em áreas ainda não garimpadas. O relatório final foi aprovado em 2012, com publicação da portaria de lavra no Diário Oficial da União, formalizando a mineração na região.
Desde então, a DM Mineração opera com licenças ambientais, estrutura para lavra sustentável e mão de obra especializada. Atualmente, a produção mensal gira em torno de mil quilates, com cerca de 20 trabalhadores diretos e indiretos, incluindo operadores vindos de outros estados. Segundo Layousse, o aumento da capacidade de produção dependerá da instalação de nova planta de beneficiamento e maior volume de maquinário.
Atualmente, a operação de extração envolve cerca de 20 trabalhadores, entre empregos diretos e indiretos, incluindo operadores de maquinário pesado que vêm de outras regiões. Segundo Shukry Layousse, esse número pode aumentar com a expansão da extração, já que a mineradora possui uma reserva de 9 milhões de quilates, com potencial para chegar até 50 mil quilates extraídos por mês, a depender do maquinário.
“Hoje, estamos produzindo mil quilates por mês, porque estamos trabalhando com maquinário e uma planta que só lava essa quantidade. Mas, no próximo ano, vamos colocar uma planta com tecnologia avançada e mais maquinário para extrair mais. Em 80 anos, a reserva não vai acabar”, comentou o empresário ao site Piauí Negócios.
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Expansão pode colocar o Piauí entre os principais produtores do país
A ampliação da mineração em Gilbués ocorre em um contexto de crescimento do setor no Brasil. De acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), o país produz cerca de 1 milhão de quilates de diamantes por ano, com destaque para Mato Grosso e Minas Gerais. Com a nova capacidade prevista, a DM Mineração pode posicionar o Piauí entre os principais estados produtores da gema.
A jazida localizada em Gilbués possui certificação internacional e está integrada ao sistema de rastreabilidade do Processo de Kimberley, que visa coibir o comércio de diamantes provenientes de zonas de conflito. A empresa exporta parte da produção para mercados internacionais, com foco em gemas de até cinco quilates, brancas, puras e valorizadas.


Qualidade reconhecida dos diamantes do Piauí e mercado em expansão
Segundo o conselheiro de mineração na Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Piauí, Paulo de Tarso, os diamantes extraídos em Gilbués se destacam por atender três dos quatro critérios de avaliação da gema, conhecidos como os “quatro Cs”: cor (color), pureza (clarity) e peso em quilates (carat). O corte (cut) é um fator relevante apenas após a lapidação.
“O Piauí tem um diamante de bom tamanho, de boa cor e com uma pureza boa, portanto tem três dos quatro Cs. O diamante é uma pedra que nunca vai perder valor, porque existe um mercado para isso”, afirmou.
Outras pedras preciosas no estado
Além dos diamantes, o Piauí possui outros minerais com potencial comercial significativo. A cidade de Pedro II abriga a maior jazida nacional de opala nobre, pedra que também ocorre na Austrália e cujo valor pode chegar a US$ 20 mil por quilate. A opala de Pedro II é conhecida pelos lampejos de cores que exibe, mas sua extração é considerada mais complexa e menos previsível.
O estado também apresenta indícios de jazidas de ametista, esmeralda e cristais diversos em regiões como Buriti dos Montes, Batalha e Cristalândia, ainda pouco estudadas. Segundo especialistas, o Piauí e o Maranhão ficaram fora de levantamentos geológicos realizados no Norte do Brasil, o que comprometeu o conhecimento sobre o potencial mineral dessas áreas.
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