Futebol de autoras e autores n’A Feira do Livro tem dois empates emocionantes
Em um contraste notável com os jogos da Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos, o domingo (22) foi repleto de emoção na Feira do Livro. Ao invés de atletas renomados, o evento reuniu escritores, jornalistas e convidados no gramado da Mercado Livre Arena Pacaembu, onde a paixão pela literatura se encontrou com a diversão do futebol.
As partidas, uma feminina e outra masculina, trouxeram um espírito de união e celebração do mundo literário. Ambas terminaram em empates emocionantes, 2 a 2, com viradas empolgantes e muitas risadas de quem esteve presente, tanto dentro quanto fora do campo.
No jogo feminino, destacaram-se participantes como a apresentadora Roberta Martinelli, que mediu debates, e a escritora Julia Codo, que teve uma participação no festival, onde falou sobre Caderno de ossos (Companhia das Letras, 2025). Marcela Dantas e Luana Maluf foram as responsáveis pelos primeiros gols do time de preto, enquanto Nathalie Cappelletti e Suleima Sena empataram para a equipe azul. “Sempre quis fazer um gol. Foi o meu primeiro”, comemorou Sena.
Bons de Caneta
A partida masculina contou com a presença de escritores como Antonio Prata, Bruno Paes Manso e Guilherme Wisnik; o maestro Roberto Minczuk; o poeta Ghayath Almadhoun; os juristas Conrado Hübner Mendes e Rafael Mafei; e o ator Lázaro Ramos, que durante o festival falou sobre seu novo livro, Na nossa pele: continuando a conversa (Objetiva, 2025).
O jogo começou com um gol de Vitor Pamplona, editor da Quatro Cinco Um, pelo time branco. No entanto, a equipe de preto virou o jogo no segundo tempo, com gols de Plácido Berci e Felipe Poroger, que declarou após a partida: “Descobri jogando que foi para isso que escrevi esse livro [Alguém sobrevive nesta história], então tudo valeu a pena”.

Marcelo da Silva Antunes, escritor e editor da Borboleta Azul, conseguiu empatar para o time branco, após receber assistência de Rodrigo Casarin. “Foi um gol estilo Zona Norte”, divertiu-se ele.

Ghayath Almadhoun, o poeta sírio-palestino radicado em Berlim, fez sua estreia como goleiro, revelando com bom humor: “Escolhi ser goleiro por preguiça, porque é a única posição em que você pode ficar parado.” Ele ainda expressou sua honra em jogar no Brasil, embora tenha sido um pouco decepcionado com a qualidade do futebol. “Achei que os escritores fossem melhores no futebol. Mas, como sempre, escritores não são bons em nada”, comentou.
Declarações
Embora nas partidas o destaque não tenha sido a habilidade com a bola, os autores mostraram seu talento em entrevistas. “O individual não vale nada, o que importa é o coletivo”, disse Antonio Prata, personificando um jogador. “Me colocaram em uma posição errada, mas dei tudo de mim e, se Deus quiser, voltarei”, acrescentou.
O colunista Fernando Luna, que jogou de óculos escuros, acrescentou: “Dei meu sangue pelo jogo, você também”, enquanto mostrava o joelho machucado de Prata. “Acho que a equipe estava bem concentrada, treinamos a semana inteira e o resultado foi visível em campo”, brincou Vitor Pamplona. Já o revisor Luis Campagnoli comentou que parecia que tinha que revisar as jogadas durante a partida: “Isso aqui está errado, aquilo ali também”.
Superação
Lázaro Ramos, que jogou pela equipe branca, destacou a superação durante a partida. “O primeiro tempo foi sofrido. Alguém sedentário não aguenta vinte minutos em campo. O problema é que não tínhamos reservas para trocar, tive que continuar até o fim.”

Ao final da partida, Lázaro Ramos celebrou a confraternização, embora tenha notado a diferença no número de jogadores entre os times. “Foi uma experiência incrível com profissionais da literatura; não conseguimos nos reunir dessa forma muitas vezes. Foi divertido, ainda que um pouco injusto, já que o outro time tinha dezessete jogadores e o nosso apenas treze”, comentou.
O jurista Conrado Hübner Mendes fez uma brincadeira sobre a falha no fair play: “Fui escalado na noite anterior, cheguei sem chuteira e tive que usar uma emprestada, foram condições adversas.”
Celebração
Plácido Berci, que fez um gol pela equipe de preto, celebrou efusivamente. “Vou colocar no meu currículo que já marquei um gol no Pacaembu, foi um dos melhores momentos da minha vida”. O maestro Roberto Minczuk se uniu à celebração: “Estou feliz por estar vivo; mal me lembro da última vez que joguei futebol”, disse.
Márvio dos Anjos, jornalista e goleiro da equipe de preto, comentou sobre a aliança entre esporte e literatura. “Mesmo que não tenhamos feito um grande espetáculo, foi muito divertido”, afirmou.
Rafael Carneiro de Carvalho, diretor da concessionária Allegra Pacaembu, que jogou no time branco, também compartilhava da alegria: “Foi um prazer receber todos aqui, espero que esse jogo festivo aconteça em todas as edições d’A Feira do Livro.
O autor Thiago Ferro concluiu: “Acho que os escritores deveriam falar menos e jogar mais”.
Escalação
Partida feminina: Amanda Alves, Amanda Porfirio, Ana Christe, Ariadne Tavares, Bianca Molina, Clara Saraiva, Gabriela Almeida, Giovanna Rahhal, Gisele Pina, Giselly Corrêa, Jéssica Gomes, Jessica Soler, Julia Codo, Laura Basilio, Leide Marques, Lilly Nascimento, Luana Maluf, Marcela Dantas, Mari Pereira, Mari River, Maria Beatriz Teves, Maria Guimarães, Marina Bufon, Milla Garcia, Nathália Ferrão, Nathalie Cappelletti, Raisa Rocha, Roberta Martinelli, Sabrina Santana, Suleima Sena e Tatiana Vasconcellos.

Partida masculina: Andre Whoong, Antonio Prata, Bruno Paes Manso, Caco Galhardo, Cido Bacci, Conrado Hübner Mendes, Emilio Fraia, Fábio Fávaro Igaki, Felipe Poroger, Fernando Luna, Ghayath Almadhoun, Giba Alves, Guilherme Wisnik, Lázaro Ramos, Leandro da Mata, Luis Capagnoli, Marcelo Antunes, Marvio dos Anjos, Mauricio Maas, Mauro Beting, Murilo Cleto, Plácido Berci, Rafael Mafei, Roberto Minczuk, Rodrigo Alvarez, Rodrigo Bueno, Rodrigo Casarin, Samuel Seibel, Tiago Ferro, Victor Feffer e Vitor Pamplona.
A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontecerá de 14 a 22 de junho, na Praça Charles Miller, no Pacaembu. Promovido pela Associação Quatro Cinco Um, junto com a Maré Produções e o Ministério da Cultura, o festival literário ao ar livre e gratuito reunirá mais de duzentos autores de todo o Brasil e do exterior, oferecendo uma programação de mais de 250 atividades, incluindo debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e as novidades do festival.