Quando a tradição encontra a inovação: Um novo capítulo para o futebol brasileiro

Certainly! Here’s a rewritten version of the content:

Carlo Ancelotti at his presentation and first call-up as head coach of the Brazilian national team – Rafael Ribeiro / CBF

Quando Charles Miller trouxe a bola ao Brasil no final do século XIX, ele não poderia imaginar que ela se tornaria a maior paixão nacional. Dos campos de várzea ao icônico Maracanã, o Brasil não apenas jogou futebol: conquistamos o título de inventores do futebol-arte, expressando nossa ginga, alma e emoção, coroado com cinco títulos mundiais.

Entretanto, é necessário destacar uma realidade: enquanto o mundo evoluía rapidamente, nossa gestão não acompanhou essa transformação. Hoje, poucos clubes se destacam em termos de gestão eficaz, tanto dentro como fora de campo, como Palmeiras, Fortaleza, Flamengo e Botafogo, que são bons exemplos no modelo associativo e nos recentes projetos de Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Por muito tempo, confiamos apenas no talento, mas, apesar de ainda sermos berço de craques, essa fórmula já não garante sucesso. O mundo percebeu que o futebol também envolve dados, estratégia, marketing de engajamento e profissionalismo.

Durante décadas, o futebol foi quase uma religião, marcado por horários fixos nos domingos e a presença constante de narradores que se tornaram parte da família. Contudo, com o tempo, as cadeiras começaram a se esvaziar – não nos estádios, mas em casa. A audiência diminuiu e o interesse das novas gerações migraram para outras plataformas.

Foi nesse vácuo que surgiu a Kings League. Criada por Gerard Piqué, essa liga parece um experimento direto do TikTok: regras flexíveis, presidentes influenciadores, VAR ao vivo durante as partidas e um draft no estilo NBA. Pode parecer exagerado? Talvez. Mas é inegável que chamou a atenção.

Simultaneamente, o futebol brasileiro, do tradicional jogo de domingo às 16h, observa a chegada de Carlo Ancelotti como técnico da seleção brasileira. Isso não é apenas uma troca de comando; é um convite a um novo olhar sobre o futuro, em um presente em plena transformação.

Essa mudança técnica está alinhada com uma renovação política na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que busca recuperar a confiança dos torcedores e do mercado, mesmo sob a liderança de um jovem profissional e com um histórico de modesta expressão nacional. Este pode ser o diferencial desse movimento.

Sem preconceitos e desprendido de formalidades históricas dos últimos dirigentes da CBF, Samir Xaud, de 41 anos, o novo presidente da entidade, precisará ter coragem para transformar estruturas, valorizar as categorias de base e, principalmente, conectar o futebol brasileiro às novas gerações. Essa mudança acontece paralelamente ao fenômeno da Kings League.

A Geração Z não abandonou o esporte; ela abandonou o formato tradicional. O problema não é o amor pelo futebol, mas a maneira como é apresentado. Neste contexto, a Kings League não só atrai um público jovem, mas também forma um novo perfil de torcedor: o torcedor-participante.

Enquanto o futebol clássico ainda busca reinventar-se, apostando na combinação do jovem Xaud e do experiente Ancelotti, a Kings League chegou desafiando todos os protocolos e alterando estruturas que antes pareciam intocáveis: regras, formatos e narrativas. Cada jogo torna-se um laboratório de engajamento e espetáculo, algo que a CBF pode aprender a integrar.

O principal ensinamento que essa liga nos oferece é que não basta apenas jogar bem; é crucial saber contar a história por trás desse jogo, transformando o torcedor em protagonista e o jogo em um conteúdo atraente, criando uma narrativa para o campeonato como uma série de episódios.

O futebol brasileiro precisa assimilar essas lições. Temos os talentos, os personagens e as camisas com história. Resta compreender que, no século XXI, sem uma conexão genuína com o público, nenhuma paixão resistirá.

A boa notícia é que temos as peças certas: Ancelotti no comando e uma nova administração tentando reconstruir laços em um país que respira futebol como nenhum outro.

Isso nos leva a uma pergunta crucial: o futebol tradicional vai reagir? A resposta pode não depender da tecnologia avançada, mas sim da disposição em ouvir o que as novas gerações têm a dizer.

A má notícia? O tempo está passando rapidamente. Enquanto discutimos sobre o VAR, algoritmos decidem quem assistirá ao próximo jogo. Enquanto debatemos sobre táticas, perdemos a audiência que troca de canal em busca da próxima “tendência”.

Talvez a Kings League não represente o futuro, e Ancelotti não seja a única solução para trazer vitórias dentro de campo, mas ambos representam importantes ensaios sobre o que aspiramos para nosso futebol.

Se o futebol brasileiro quiser permanecer como um dos maiores espetáculos do mundo, deve primeiro recuperar o interesse das novas gerações.

Para voltar ao topo, precisamos continuar jogando bonito, dentro e fora de campo.

Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

x  Powerful Protection for WordPress, from Shield Security
Este Site é Protegido Por
Shield Security