Como foi o Encontros piauí 2025
Brasília sediou pela segunda vez o Encontros piauí, evento promovido pela revista em parceria com o YouTube. A edição deste ano, realizada na terça-feira (3) no Hotel Brasília Palace, teve como tema a relação entre os Três Poderes, seus conflitos e consensos. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino foram entrevistados por jornalistas diante de uma plateia de assinantes e convidados da piauí.
Na mesa de abertura, Tereza Cristina falou sobre o PL do Licenciamento Ambiental, projeto de lei que foi apelidado de PL da Devastação devido ao desmonte que promove nas políticas de proteção ambiental. O texto foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara. “Acho que passa [na Câmara]. Precisa ser bem conduzido. Sou contra o açodamento de projetos importantes”, disse a senadora, que foi entrevistada pelo repórter da piauí Breno Pires e pela analista de política da CNN Basilia Rodrigues.
Questionada sobre o tratamento agressivo que a ministra do Meio Ambiente Marina Silva recebeu em uma audiência recente no Senado, Tereza Cristina respondeu de forma evasiva. “Todas as vezes que Marina Silva esteve no Senado, sempre foram reuniões tumultuosas. Todo mundo merece respeito, principalmente as mulheres”, disse a senadora. “Foi uma reunião de perde-perde. A ministra não ganhou e nem os senadores ganharam.”
Vivendo um dos momentos mais delicados desde que assumiu o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad comentou a disputa política em torno da elevação do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. O governo anunciou, há duas semanas, um decreto elevando em parte a cobrança do imposto, mas foi obrigado a recuar no mesmo dia devido à pressão do mercado financeiro e do Congresso. Desde então, Haddad negocia uma alternativa.
“Cada um está agindo segundo o que pensa ser o melhor”, disse Haddad, entrevistado pela repórter da piauí Ana Clara Costa e a líder de Políticas Públicas do Youtube no Brasil, Alana Rizzo. “Seria um equívoco atribuir malícia ou má-vontade, a quem quer que seja. Não me parece ser isso.” Na segunda-feira (2), depois de ter se reunido com os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro disse que o impasse estava perto de ser resolvido.
Haddad defendeu sua gestão à frente da Fazenda e disse que o cabo de guerra dos últimos dias foi, na verdade, uma boa notícia, apesar dos desgastes à sua imagem. “Para mim, foi muito bom. Eu sofro bastante no cargo, mas tenho essas alegrias, de encontrar uma brecha. Não tem sido fácil para nenhum ministro da Fazenda, mas gosto de onde estou, sobretudo se conseguir chegar do outro lado da margem com um país mais organizado.”
Último entrevistado do dia, o ministro do STF Flávio Dino comentou os impasses do presidencialismo brasileiro – e como eles se agravaram com a farra das emendas parlamentares. “Do jeito que está estruturado o sistema, nenhuma força política governa o Brasil”, disse o ministro. “O tema das emendas tem essa largueza. Não é apenas aquilo que se vê, que é muito feio, mas para além disso, o que está em disputa, e daí a contenda.”
Dino deu como certo que o PL do Licenciamento Ambiental, se aprovado no Congresso, será contestado no Supremo. “É tão certo quanto o Botafogo ter sido campeão da Libertadores no ano passado”, brincou Dino, que é botafoguense. “O governo atual até tenta evitar batalhas no Supremo. Mas, de modo geral, esses assuntos mais graves acabam chegando por meio de uma ação de um partido político.” Essa foi a primeira entrevista que Dino concedeu a um veículo de imprensa desde fevereiro do ano passado, quando se tornou ministro do STF.