Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, expõe cenário e eleição da CBF

Neste domingo (25), a CBF elege seu novo presidente, substituindo Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão judicial. O escolhido já foi revelado: Samir Xaud, da Federação Roraimense de Futebol (FRF). No entanto, o modelo de eleição é alvo de críticas por parte de figuras importantes do futebol, como Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo. Em uma entrevista exclusiva ao Lance!, ele defendeu a ampliação da voz de clubes, atletas e treinadores, citando o exemplo de Ronaldo.

Segundo Eduardo Bandeira de Mello, a forma de eleição da CBF é ultrapassada e dificulta a participação de candidatos “de fora”, como o ex-jogador da Seleção Brasileira. Ele questionou a legitimidade do sistema:

— A federação de futebol é um departamento regional da CBF, e os presidentes são remunerados por ela. O presidente da CBF é eleito por aqueles a quem paga mensalmente. Isso é correto? E por que os atletas, treinadores e árbitros não têm voz na eleição da CBF, como ocorre em outros esportes no Brasil e no mundo? Isso pode explicar o mau desempenho em campo; o problema está fora dele — afirmou Bandeira ao Lance!.

Eduardo Bandeira de Mello em entrevista ao Lance! (Foto: Divulgação/Lance!)

— Ronaldo tem uma trajetória respeitável no futebol brasileiro. Sua disposição para colaborar deveria ser celebrada, mas não foi. O que aconteceu foi uma união temporária de grupos rivais, e ficou claro que o sistema precisa mudar. Estou trabalhando para isso no Congresso Nacional — acrescentou o ex-dirigente, atualmente deputado federal.

Posicionamento dos clubes

Enquanto Samir Xaud obteve o apoio de várias federações, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, recebeu o respaldo dos clubes, que posteriormente se opuseram à eleição deste domingo. Bandeira de Mello analisou essa situação e criticou a postura das federações.

— O número de clubes apoiando a candidatura de Reinaldo Carneiro caiu de 32 para 20. Pode ser que até domingo, na eleição, esse número diminua ainda mais. O fato é que, independentemente do número de clubes, as federações ainda têm a palavra final. E, como as federações estão atreladas à CBF, não adianta os clubes se unirem — argumentou.

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, expõe cenário e eleição da CBF
Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, comenta cenário da eleição da CBF (Foto: Divulgação)

— No entanto, é positivo que 20 clubes se unam para propor mudanças. Eu, pessoalmente, duvido que essas mudanças venham da própria CBF. É preciso acabar com essa disparidade nas regras — completou.

Como funciona a eleição para presidente da CBF

A CBF possui um colégio eleitoral formado por 27 federações estaduais, 20 clubes da Série A e 20 da Série B, onde cada grupo tem um peso específico na votação: as federações valem 3 votos, os clubes da Série A, 2, e os da Série B, 1.

Samir Xaud se candidatou com o respaldo de 25 federações e dez clubes das séries A e B. Com esse cenário, nenhuma outra candidatura foi possível, uma vez que é preciso o apoio formal de oito federações e cinco clubes para se inscrever no pleito.

Problema de governança da CBF

Eduardo Bandeira de Mello acredita que os problemas enfrentados pelo futebol brasileiro decorrem da governança da CBF.

— Isso é uma repetição do que acontece há anos, mas agora ficou mais evidente. A reportagem da revista Piauí acendeu a luz sobre a realidade do futebol brasileiro, coincidindo com a eleição da CBF. O que se nota é que a governança é antiquada e irresponsável, dominada por poucas pessoas e famílias que monopolizam o poder — disse.

Bandeira critica o sistema eleitoral da CBF (Foto: Arte/Lance!)

— Os clubes, que são os principais protagonistas do futebol, não têm como intervir na governança da CBF. Apesar de mais de 80% dos clubes apoiarem um candidato, a chapa nem chegou a ser registrada. No fim de semana, teremos uma eleição para um presidente que muitos nem conhecem. Ele pode ser uma boa pessoa, mas isso não muda a situação — concluiu Bandeira sobre a eleição na CBF.

Escolha pela contratação de Carlo Ancelotti

No que diz respeito ao lado esportivo, Bandeira apoiou a contratação de Carlo Ancelotti, que deixará o Real Madrid para assumir a Seleção.

— Não vejo problemas em um estrangeiro assumir a Seleção Brasileira. Assim como ocorreu quando trouxe Reinaldo Rueda para o Flamengo, que fez um excelente trabalho. O Ancelotti é um renomado treinador, e acredito que ele pode fazer um ótimo trabalho — finalizou.

Carlo Ancelotti no banco do Real Madrid em sua penúltima partida no Santiago Bernabéu
Carlo Ancelotti assume a Seleção Brasileira na segunda-feira (Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP)

Mariana Beltrão

Sou redatora, revisora e tradutora de textos, formada em Letras e em Filosofia, estou sempre em busca de conhecimentos. Atualmente escrevo para o portal Folha de Parnaíba, sempre buscando as últimas notícias para os leitores.

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