Rafael Fonteles destaca potencial do Piauí e propõe parceria estratégica com a China para desenvolvimento sustentável
Por Guilherme Paladino, de Pequim (247) – Em um momento histórico de fortalecimento das relações sino-brasileiras, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, assumiu papel de destaque no encontro empresarial Brasil-China realizado nesta segunda-feira (12), em Pequim. Diante de mais de 700 empresários brasileiros, 218 entidades chinesas e altas autoridades dos dois países, Fonteles apresentou uma visão ousada e estratégica: transformar o estado do Piauí — e o Nordeste brasileiro — em uma nova fronteira de investimentos chineses em energia limpa, infraestrutura e industrialização verde.
Sua fala integrou o maior evento empresarial bilateral já promovido desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a presença de 11 ministros, o presidente do Banco Central, Celso Amorim, representantes da Embrapa e da ApexBrasil. O momento marcou a consolidação da retomada da diplomacia econômica e do multilateralismo, com ênfase na reconstrução da confiança e no avanço de uma agenda comum baseada na sustentabilidade, inovação e inclusão.
Piauí como vitrine da nova matriz energética – Rafael Fonteles iniciou seu discurso destacando os avanços do Piauí como líder na transição energética. “Temos a maior proporção de geração de energia renovável do Brasil. Somos protagonistas em energia eólica e solar, e agora estamos prontos para dar o próximo passo com o hidrogênio verde”, afirmou. A menção ao hidrogênio verde, combustível considerado estratégico para a descarbonização global, foi recebida com entusiasmo pelos investidores chineses presentes.
Fonteles propôs que a China seja parceira estratégica nesse novo ciclo energético, com investimentos diretos em parques de geração, infraestrutura de transmissão e tecnologia. “O que propomos é uma parceria ganha-ganha: o Brasil oferece seus recursos naturais e estabilidade política, e a China traz capital e inovação tecnológica.”
Logística, ferrovias e acesso ao Atlântico – O governador apontou a infraestrutura como um dos grandes desafios para o pleno aproveitamento do potencial produtivo e exportador do Nordeste. Ele defendeu a integração logística como prioridade da relação Brasil-China, especialmente com foco na conclusão da Transnordestina e na modernização dos portos do Piauí, como o de Luís Correia, que pode se tornar uma nova saída estratégica para o comércio sino-brasileiro pelo Atlântico Sul.
“Temos um enorme potencial de produção agrícola, energética e industrial que só será plenamente aproveitado com logística eficiente. A China tem expertise e interesse nesse setor, e o Brasil precisa de parceiros com visão de longo prazo”, afirmou Fonteles.
Industrialização verde e desenvolvimento regional – Outro eixo central do discurso foi a necessidade de reindustrialização do Brasil com foco na sustentabilidade e descentralização regional. Fonteles sugeriu que a China ajude a impulsionar o Nordeste como plataforma de produção industrial limpa para o mercado latino-americano, com base em energias renováveis, mão de obra qualificada e incentivos públicos.
“A industrialização precisa voltar a ser um motor do desenvolvimento brasileiro, e o Nordeste pode ser parte da solução. Não se trata apenas de crescer, mas de crescer com equidade, gerando empregos de qualidade, ciência, tecnologia e inclusão produtiva”, destacou.
Relação Brasil-China em nova fase – Fonteles celebrou o novo momento da diplomacia econômica entre Brasil e China, ecoando as palavras de Jorge Viana, presidente da ApexBrasil. “Hoje não há mais constrangimentos, há confiança, diálogo e cooperação. O presidente Lula restabeleceu o respeito e a credibilidade do Brasil no cenário internacional, e isso se traduz em oportunidades concretas como esta”, afirmou.
Ele encerrou sua participação reafirmando a disposição do Piauí em ser um laboratório vivo de uma nova era da parceria sino-brasileira, baseada em “inovação, sustentabilidade, industrialização verde e inclusão regional”.
Um novo horizonte para a cooperação bilateral – O discurso de Rafael Fonteles reforçou que, no contexto de transformação global, a relação Brasil-China não se limita mais à exportação de commodities. Ela se projeta para áreas como transição energética, reindustrialização, infraestrutura e desenvolvimento territorial, com forte participação dos estados brasileiros e de novos polos regionais como o Piauí.
Ao apresentar propostas concretas e alinhadas com os interesses chineses, o governador se posiciona como uma das vozes mais estratégicas do federalismo brasileiro na nova diplomacia econômica do país. A expectativa é que a visita à China renda novos protocolos de intenção e atração de investimentos concretos já nos próximos meses.