futebol LGBTQIA+ entra em campo no cinema
Crítica // Onda nova ★★★
Com uma pegada provocativa e irreverente, o filme nacional Onda nova foi exibido na Mostra de São Paulo em 1983. Após a projeção, seus realizadores, José Antônio Garcia e Ícaro Martins, enfrentaram a censura imposta pela ditadura. Embora apresente momentos de amadorismo, a narrativa, que gira em torno da precariedade das jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, é enriquecida por uma experimentação de linguagens que torna a obra amoral. Agora, o filme está de volta aos cinemas em uma versão restaurada. No enredo, os paulistanos vivem um cotidiano intenso, subvertendo as normas estabelecidas.
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Com Carla Camurati e Vera Zimmermann nos papéis principais, o longa conta com participações especiais de Patrício Bisso (como uma mãe inquieta), Caetano Veloso, Regina Casé, além da dupla Tânia Alves e Cida Moreira, que trazem suas habilidades musicais para o filme. Ousado e metalinguístico, com referências a Clarice Lispector e Walter Hugo Khouri, com quem Camurati colaboraria, o filme provoca reflexões. Os diretores, conhecidos por obras como Minha vida em suas mãos, O corpo, Estrela nua e O olho mágico do amor, exploram um universo vibrante, repleto de cenas cômicas de chuveiros, corridas de táxi desajeitadas e o uso de drogas. Um intrigante testemunho da estética new wave de uma época marcada pelo neon.

Ricardo Daehn
Repórter e crítico
Com 27 anos de experiência como repórter e crítico de cinema no Correio, Ricardo permanece na sala até os créditos finais, garantindo o valor de cada ingresso. Sua avaliação é orientada por Júpiter, considerando três aspectos: o público, a proposta da obra e uma reflexão ponderada.